quinta-feira, 26 de maio de 2011

Texto reflexivo #1 - Fico pensando...

Fico pensando qual é a desse mundo.
Sabem, eu olho pra todos os lados, e em todos os lados gente que briga, que chora, que discute, que mata ou manda matar, que morre ou quer morrer, que está desamparada, que está sem rumo, que está sem vontade e sem fé... Gente por todo o canto, com a mesma carranca, com as mesmas lágrimas e os mesmos defeitos de sempre.
Fico perguntando: Qual é a deles?
O que os move? O que faz com que estes seres humanos, tão pateticamente frágeis e confusos, lutem com tanta garra para defender princípios, convicções, ideais e causas que nem mesmo eles próprios têm certeza se está certo ou errado? Será que eles percebem que o que estão fazendo é meramente brigar por seus desejos particulares (que por coincidência ou não, se repetem e vários seres humanos, por algum motivo)? Ou eles acreditam mesmo em tudo o que vêem?
Fico perguntando: Onde está o erro?
Será que sabemos o que é pecado? E o que é errado? E será que isso que acreditamos ser justiça na verdade não seria a tirania de alguma coisa maior que a gente? Será que paramos para pensar que as leis, os escritos sagrados, os movimentos, os governos, as religiões, o dinheiro, a política, a ordem, o poder e a sociedade são criações nossas? E lembramos-nos do fato de que somos seres humanos e somos, portanto, falíveis? E será que conseguimos associar nossas criações com nós mesmos, ou seja, será que conseguimos entender que, assim como nós, nossas criações estão sujeitas a falha?
Fico perguntando: por que insistir no erro?
É óbvio que nada disso que estamos vivendo está certo. Está claro que tudo falhou. Nossas criaturas se voltaram contra seus criadores. Não temos mais o controle que jurávamos ter sobre o sistema. Ele se tornou um grande monstro predador. Mais que provado está que a besta é feroz e que vai consumir a todos num piscar de olhos. Não restará um sobrevivente, não sobrará pedra sobre pedra. Isso tudo por termos meramente depositado os sentimentos e energias erradas sobre nossas criaturas. Agora, tudo tornará ao pó.
A menos, é claro, que não acreditemos mais neste monstro.
A menos que nós saibamos de onde ele veio, e que saibamos que não respondemos nós a ele, e sim ele a nós. Basta que deixemos de ter medo, raiva, ódio, insegurança, inveja... Para muitos de nós, racionais e esclarecidos que somos, soa como besteira que a solução seja tão simples. Por isso a maioria não arrisca a sorte. Admito que eu mesmo custo um pouco a acreditar que o sentimento dos nossos corações, nossas crenças e atitudes perante o mundo (como organismo vivo, e não como sistema) possam mudar a face de nosso futuro. Eu mesmo sou um destes seres que se envolvem com o que está em voga no mundo de mentira.
Talvez seja por isso mesmo que eu não queira acreditar mais no monstro.
Costumava falar coisas como: “temos que agir para mudar o país”, “temos que nos preocupar com o que essencial à sociedade”, etc. Pensava algo como: “miremo-nos no exemplo dos franceses – guilhotinaram aqueles que estavam atrasando o desenvolvimento de seu país”.
Hoje tudo isso me soa infundado, sem razão..
Não quero mais acreditar nas “complicadas atitudes que nós enquanto cidadãos temos que tomar para dar rumo à nação e ao mundo”. Por quê? Porque é complicado.
“Ó, mas espera que seja fácil mudar o mundo?”
O que os faz crer que é tão difícil? Seu sistema? Seus políticos? Seu dinheiro? Seus papéis? Sua burocracia? Assim como inventamos da roda ao avião, da religião à ciência e dos reis aos políticos, podemos ser criadores de uma outra realidade. Enquanto estes seres humanos ficam dançando tango sobre seu castelo de areia, eu busco o caminho da simplicidade, da liberdade, da ingenuidade e da mente espiritualizada e limpa.
“Mas você não pode dar as costas ao mundo! Ele está acontecendo à sua volta! Você tem que ganhar dinheiro, tem que comer, tem que se sustentar, tem que pagar suas contas, tem que assinar papéis, declarar seu imposto de renda, assistir ao noticiário, à novela, ao futebol, tem que levar seu filho à escola e à igreja! Por que está dando as costas? Por que está sendo criança? Por que está sendo assim? Por quê?”

Por quê? Por que não ser criança? Por que não ter coragem de dar as costas ao que já não serve mais? Por que não ser assim?

P
OR QUE NÃO?

                        Diego Muñoz

Nenhum revolucionário. Apenas mais um homem.

3 comentários:

  1. bem reflexivo mesmo, não vai ser com protesto e rebeldia que vamos mudar o sistema, a única coisa que precisamos é da consciência que individualmente somos responsáveis pelo mundo, enquanto uma pessoa pensar que pode ser desonestas que "não vai dar nada" o sistema continuará emperrado, o fator engrenagem é claro, uma engrenagem pode tanto mudar o sistema como destruí-lo...

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  2. Diego

    Leio suas inquietações e compactuo com algumas delas!
    Vivemos numa sociopatologia isso é facticio, é importante não fecharmos os olhos nesses paradigmas sociais, no entanto parece que ao elucidar tais fatos temos a impressão que estamos literalmente na contra-mão da sociedade.
    Um abraço querido amigo.
    Nica

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  3. É muito difícil olhar pra trás, especialmente depois de uns 30 anos, e dizer: "bah, tava tudo errado!". Então surge a negação... O ser humano é primitivo.

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